Ídolo cruzeirense relembra momentos históricos e convoca torcida para celebração no Mineirão
O Cruzeiro hoje sente a falta de um camisa 10. Bem que poderia ser ele, mas a contragosto do torcedor celeste não é. Na tarde desta sexta-feira, em uma entrevista bastante concorrida, Alex, o "Talento Azul", retornou à Toca da Raposa II, não da maneira que a China Azul queria, mas ele voltou. Aos 37 anos, ele conserva o jeito peculiar, centrado, de quem viu o futebol de um ponto de vista privilegiado. Um dos últimos talentos que honraram com louvor a mística do 10.
Craque nos campos, craque também nas palavras. Ao lado do ex-companheiro Gomes, do ex-lateral Nonato e também de membros da cúpula celeste, entre eles o presidente Gilvan de Pinho Tavares, Alex veio promover seu jogo de despedida dos gramados, desta vez com a camisa do clube que fez tanta história. A partida, marcada para o dia 27 de junho, às 15h, no Mineirão promoverá o encontro de vários ídolos da história celeste, entre eles Tostão e Boaideiro.
“Acredito que nasci para vida nova. Joguei futebol desde os 9 anos. Trato o jogo mais da parte emotiva do que que futebol. Eu me emociono com as histórias que tivemos. Gomes era um menino de 20 anos. Essas lembranças mexem mais. E há a oportunidade de voltar ao Mineirão e vestir a camisa do Cruzeiro. É uma oportunidade única. No jogo em si, vamos fazer uma festa, em sinergia com quem estiver na arquibancada. Faremos uma data legal para o cruzeirense, para lembrar algo que viveu como torcedor. Terá gente que gosta mais do Sorín. Terá gente que gosta mais do Nonato. Tentamos convidar o Revétria, que tem história importante no Mineirão. Eu só tenho a agradecer. É uma situação única”, destaca o ex-jogador.
Um dos pontos altos da entrevista foi a revelação de certos detalhes da campanha de 2003 que passaram ocultos ao torcedor, como por exemplo a liberdade que Alex tinha para se ausentar em concentrações para acompanhar o tratamento de sua esposa, que buscava a gravidez.
“Hoje tenho uma filha de 11 anos porque joguei no Cruzeiro. Minha mulher teve de fazer um tratamento grande, isto só foi possível porque Vanderlei e diretoria permitiram. Vanderlei mentia para vocês para eu poder viajar. Minha esposa precisou fazer esse tratamento e eu tive de me ausentar várias vezes. Na Vila Belmiro, contra o Santos, só cheguei para jogar, não concentrei. Minha relação com o Cruzeiro é muito forte”, destacou o eterno Talento Azul.
Uma relação íntima com o clube que dá a Alex o direito de aconselhar a China Azul, principalmente em relação ao futuro da equipe após a eliminação na Copa Libertadores.
O tropeço precoce na Libertadores de 2004 foi utilizado como exemplo, mas o ex-jogador preferiu evitar comparações. "Primeiro, não cabe comparação com 2004, que era um time já se desestruturando. Muitos fizeram sucesso na Europa, como Gomes, Maicon, Luizão. Era um time forte. Esse ano, não sei. Não sei qual a ideia da diretoria. Esse time conhece o campeonato brasileiro. O que acho é o seguinte: o cruzeirense tem de esquecer o time bicampeão brasileiro, que não existe mais, perdeu a espinha. O primeiro passo é esquecer. E o Marcelo reanimar esse grupo, ir pontuando no Brasileiro para voos maiores”, destacou.
E em seu reencontro emocionante no lugar de tantas histórias, Alex se despediu atendendo um pedido de sua mulher. Depois de tanto assédio, ele caminhou sozinho, sacou o celular e registrou, em vídeo, imagens do CT celeste. O palco de um sonho.
“Quando entrei na Toca, minha mulher mandou mensagem para eu gravar, para que ela visse se a Toca mudou muito. Em 2003, Vanderlei trazia as famílias para cá. Quem tinha filho... Converso muito com filho do Marcelo Ramos, que treinava com a gente. Ele era gordinho. Outros filhos participavam. Gomes namorava ainda e casou no processo daquele ano. Quem não acredita em contos de fadas, e´só ligar um DVD de 2003, porque existe”, finalizou
Venda de ingressos para jogo histórico
O diretor de marketing Marcone Barbosa deu detalhes sobre o duelo que acontecerá no Mineirão no dia 27. Segundo o dirigente, a venda das entradas ainda passará por análise, mas a intenção é que eles comecem a ser vendidos o mais rápido possível e com preços simbólicos.
“O evento acontecerá no dia 27 de junho, às 3h da tarde, no Mineirão, véspera de um jogo fora de casa no Brasileiro. Vamos abrir todo o anel inferior, a parte superior também será aberta. Teremos ingressos disponibilizados. Para lotar o estádio, sabemos que o ingresso é importante. Ainda definiremos preço dos ingressos, com possibilidade ainda de ingressos não serem comercializados. Isso dependerá de um pacote que vamos montar para atuais patrocinadores. Podemos até ter preço de ingresso simbólico. Todos os jogadores devem chegar em BH na quinta antecedente ao jogo, ou na sexta-feira. Traremos jogadores que marcaram época no futebol brasileiro. Alguns já confirmaram presença”, explicou.
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