segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

GRATIDÃO E ADEUS: ALEX SE DESPEDE COM ESTADIO VAZIO, COXA VENCE E REBAIXA O TRICOLOR BAIANO

Ao lado do filho, camisa 10 do Coritiba senta no campo do estádio, a última moradia de suas chuteiras. "Conheço cada buraco embaixo dessas arquibancadas", diz ele

alex e o filho couto pereira coritiba (Foto: Divulgação/Coritiba)
Alex ao lado do filho depois do jogo, com o Couto Pereira vazio
A imagem mais emblemática de Alex em sua despedida como jogador de futebol não ocorreu durante a vitória de 3 a 2 sobre o Bahia. Tampouco aconteceu diante da torcida que tanto o idolatrou. Foi depois. Encerrada a partida deste domingo, derramadas as lágrimas de adeus, o camisa 10 retornou ao campo do Couto Pereira, já vazio, e pisou pela última vez naquela que foi a derradeira moradia de suas chuteiras. Sentou-se no gramado ao lado do filho Felipe, de quatro anos. E ficou ali batendo papo com o garoto - o mesmo que passara três dias sem falar com o craque por ele decidir se aposentar.
Queria despedir-se. Afinal, ali estavam as duas pontas de sua linha da vida no futebol. Foi no Couto Pereira que ele se profissionalizou. E no Couto Pereira que ele se despediu.
- Eu só voltei ao gramado para deixar ali o meu tchau. O Couto significa muito para mim. Eu cheguei aqui aos nove anos de idade, conheci minha primeira namorada aqui, minha mulher eu conheci aqui, a minha entrada na adolescência e na fase adulta eu passei aqui. O Couto Pereira mudou muito, mas eu conheço cada buraco que existe embaixo dessas arquibancadas. Então fui dar meu tchau, porque não volto mais ali para jogar futebol. Talvez para uma pelada, mas valendo três pontos, com essa energia e atmosfera, eu não vou ter mais - disse. 
Foi um dia de gratidão para Alex. A última coletiva de imprensa do meia como jogador de futebol evidenciou o sentimento. De camiseta, bermuda e chinelo de dedos, o craque entrou na sala lotada e não demorou para abrir um largo sorriso. Após uma longa e vitoriosa carreira, de títulos, glórias e também decepções, chegou a hora de agradecer a importância que o futebol teve na sua vida. 
- Estou muito satisfeito por tudo que eu fiz e só tenho a agradecer ao futebol e a todos os clubes pelos quais passei, mesmo aqueles em que não tive tanto sucesso. A bola me deu todas as oportunidades. Eu saí da maneira como eu imaginava: jogando pelo meu clube, com uma bela festa da torcida, que inclusive está de parabéns. Nós acabamos não fazendo uma boa partida, mas fomos felizes de no último minuto, com o gol do Keirrison, sair com essa vitória tão importante - declarou o camisa 10.
Substituído aos 45 minutos do segundo tempo pelo atacante Keirrison, o meia contou que a alteração já estava programada com o técnico Marquinhos Santos e disse que nem nos seus maiores sonhos teria imaginado uma despedida como a deste domingo.
- Eu combinei com o Marquinhos que eu iria sair ali por 44, 45 minutos. Mas a gente imaginava outra situação, com o Coritiba vencendo o jogo. Não da forma como foi. Por isso ficamos naquela discussão rápida. Mas eu achei justo para que eu fosse aplaudido pelos torcedores. Eu acredito que o enredo foi muito legal. Nem nos meus maiores sonhos aconteceria. Terminar da forma como nós terminamos, onde realmente a gente festejou. 
Com quase 20 anos de carreira, o meia Alex dá adeus aos gramados com 1034 jogos, 422 gols (média de 0,4 gols por partida) e 356 assistências, em passagens por Coritiba, Fenerbahçe, Palmeiras, Cruzeiro, Parma, Flamengo e Seleção Brasileira.
Alex Coritiba (Foto: Monique Silva)
Alex concede última coletiva de imprensa como jogador de futebol profissional 
Meninos da base
- Hoje quem decidiu o jogo foram dois meninos da casa. São pequenos detalhes que de repente o torcedor não imagina, mas para mim tem um significado enorme. Esse é um time que não tem dinheiro para contratar. Eles dependem dos jogadores daqui. O Keirrison chegou menino, o Dudu é lá do Boqueirão. São os meninos daqui que resolvem os problemas. E nos últimos anos, não sei porque, eles não tiveram oportunidades. Foi um momento de emoção muito grande. 
Vida de aposentado
- Eu vou ter um sentimento real quando os clubes começarem a se apresentar ano que vem. Começarem a fazer matéria de pré-temporada, estaduais... Hoje eu saio de férias como todos os outros jogadores estão fazendo. O meu dia a dia normal eu só vou sentir quando eu voltar da minha viagem. Amanhã provavelmente eu acorde bêbado e nem vou lembrar o que eu fiz hoje (risos).
Dores e hora certa de parar
- Eu sinto dores muito grandes. Dores para ir ao banheiro depois do jogo. Hoje por exemplo eu vou ter muita dificuldade. Chegou o momento. Eu poderia jogar mais? Sim. Mas é melhor parar na hora que todo mundo acha que você pode fazer mais. 
Vai sentir saudades de coletiva?
Nenhuma!

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