Na contramão do mercado, educadora e herdeira do banco Itaú Neca Setubal critica correção, pelo Banco Central, de 0.25 percentual nos juros básicos; e aproveita para ironizar inclusão de presidente do concorrente Bradesco na lista de ministeriáveis; "E ainda falam em Luiz Carlos Trabuco para ministro da Fazenda", desfere ela, em sociedade; sob o peso de uma multa de R$ 18 bilhões aplicada contra o Itaú pela Receita Federal, em fase de recurso, em razão da fusão com o Unibanco, em 2008, quanto menos os representantes da instituição espalharem provocações, diz o bom senso, melhor; não há dúvida que Neca perdeu uma boa chance de ficar quieta após suas férias na Europa
Depois de ter se transformado num dos pontos fracos da campanha de Marina Silva à Presidência da República, a educadora e herdeira Neca Setubal está criando problemas para a instituição de sua família, o banco Itaú. Como se sabe, banqueiros prudentes não comentam decisões de governos, dos quais dependem em muitos aspectos da legislação do dia a dia.
No caso do Itaú, presidido pelo irmão de Neca, Roberto, o silêncio se mostra ainda mais importante à medida em que o banco da família Setubal está recorrendo, no âmbito da Receita Federal, de uma multa já decidida de R$ 18 bilhões pelo não recolhimento de impostos em torno da fusão com Unibanco, em 2008. O melhor seria não provocar, de nenhuma maneira, o Leão.
Com a língua solta após uma viagem de descanso pela Europa, após ter sido a pivô da derrota de sua amiga Marina, Neca parece prosseguir em campanha. Ela fez mais de R$ 1 milhão em doações para a Instituto Marina Silva, mas prossegue ativa.
Em notas publicadas na coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, Neca diz que a elevação de 0.25 ponto percentual, pelo Copom do Banco Central, na semana passada, "foi a coisa mais irônica dessa campanha". É certo que a eleição terminou no domingo 26 de outubro, mas para a irmã do baqueiro Roberto Setubal parece que o País está em pleno 3º turno, etapa não prevista pela legislação eleitoral.
Posicionando-se como crítica de primeira hora do governo Dilma Rousseff, Neca, por motivos óbvios, foi, ela sim, irônica ao referir-se aos comentários que colocam o presidente do Bradesco na lista de possíveis futuros ministros da Fazenda:
- E ainda falam no Luiz Carlos Trabuco como ministro da Fazenda, desdenhou a acionista do Itaú.
Pelo que se noticiou, a herdeira do banco fundado por seu pai, Olavo, está entre os que ainda tem dificuldades em aceitar o resultado das urnas – e, na prática, não reconhece a ótima repercussão no mercado financeiro, especialmente na Bolsa de Valores de São Paulo, que a simples menção ao nome de Trabuco causou.
Defensora de um Banco Central independente, Neca soltou o verbo na contramão dos investidores, que reconheceram na elevação de 0.25 percentual uma medida correta de um BC que, na prática, tem funcionado com autonomia em relação à administração federal. Em diferentes depoimentos, diretores do BC declararam que nunca sofreram pressões para mexer, para cima ou para baixo, nos juros.
Além disso, o mercado está igualmente entendendo que os juros deverão chegar a, no máximo, 12% ao final de 2015, numa leve correção de patamar para demarcar credibilidade e atrair investimentos. Um ajuste que se considera leve perto do que poderia ser feito no caso da vitória do PSDB que Neca, uma vez Marina derrota, apoiou.
Abaixo, notícia da agência Reuters sobre as expectativa do mercado para a taxa de juros. Estas incluem até mesmo um recuo ao patamar de 11% ainda este ano. Neca perdeu uma oportunidade de falar sobre Educação, que diz ser seu ramo exclusivo, em lugar de manifestar a torcida contra. As palavras dela, afinal, pode respingar no prestígio do próprio Itaú:
Economistas elevam projeção para a Selic a 12% em 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário