
Recentemente, um assunto no mínimo curioso veio à tona em Minas Gerais. Trata-se do antigo “Club de Sports Hygiênicos”, um clube que, segundo a Revista Vita, em novembro de 1913, era uma “brilhante associação recentemente fundada nessa capital e destinada a ser um ponto chic de reuniões das famílias da nossa elite”.
Este assunto emergiu justamente após o momento que o Cruzeiro resgatou suas tradições populares por meio de uma bela campanha. A entrevista do vice-presidente e a faixa na parte central do Mineirão com os dizeres “Cruzeiro, o time do povo”, despertou sentimentos variados. Principalmente pelo lado dos torcedores do Atlético de Minas, que até então, alimentados por boa parte da imprensa do Estado, se imaginavam como a única “massa” da cidade, mesmo com toda a ordem mundial estabelecida e concreta mostrando o contrário.

Mas quem é este tal de Hygiênicos afinal de contas? Pelo que consta em documentos e pesquisas, foi um clube da alta elite de Belo Horizonte fundado em 1913, que se instalou no Parque Municipal. Alguns jornais da cidade inclusive criticaram o fato da ocupação de um espaço público para o uso restrito da elite sem benefício geral para o restante da população, sobretudo os mais pobres. Porém, ainda assim, sobretudo pelo poderio econômico, o Hygienicos conseguiu se apoderar do parque público.
Mas esta não é definitivamente a maior polêmica. Esta reside sim no fato de que, para a surpresa de muitos, o Hygienicos, como consta em alguns documentos que circularam na rede, se fundiu em 1916 com outro clube da então jovem capital mineira: o Atlhetico Mineiro. Tal fato até então poderia passar despercebido, mas para quem conhece a rivalidade em Minas Gerais, já percebeu que os atleticanos mineiros adoram, talvez por falta de argumentos mais plausíveis, tentar transformar a mudança do nome do Cruzeiro, que antes era Palestra Itália, em motivo de chacota, desconsiderando o fato que na verdade os cruzeirenses muito se orgulham desta mudança, já que foi a forma que o clube encontrou para sobreviver a II Guerra Mundial quando grupos xenófobos tentaram destruí-lo.


Atlhetico Hygienico, caramba! Por esta nem mesmo a massa inventada pela imprensa mineira esperava! Imaginem dois vovôs, um cruzeirense e outro atleticano mineiro, contando para seus netinhos a história dos clubes! No mínimo cômico, seria o vovô atleticano mineiro dizer que é massa, mais suas origens são aristocratas e higiênicas, enquanto o vovô cruzeirense dirá que seu clube nasceu do povo e se tornou a maior potência futebolística e maior paixão idolatrada por todas as classes sociais do Estado.
A história, por vezes, machuca. Entende-se.
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