sexta-feira, 6 de novembro de 2015

TRAJÉDIA EM MINAS GERAIS. BARRAGEM ROMPE, INUNDA DISTRITO E TEM PELO MENOS 30 DESAPARECIDOS

Uma morte foi confirmada e equipes de resgate buscam desaparecidos; casas foram soterradas


A distância de apenas 5 km entre o distrito de Bento Rodrigues e uma barragem de resíduos da mineradora Samarco, em Mariana, na região Central de Minas, já era motivo de preocupação. Além do risco natural que esse tipo de estrutura oferece, uma obra recente no local para a elevação das barreiras de contenção só fez aumentar a preocupação. Especialistas chegaram a indicar o perigo de desabamento. Era por volta das 16h desta quinta quando a barragem se rompeu e liberou uma avalanche de água e lama que soterrou casas e arrastou tudo o que tinha pela frente por cerca de 10 km.
A comunidade de cerca de 2.000 habitantes ficou totalmente alagada. Até o início da noite, ainda não se sabia o número de vítimas. O Sindicato Metabase Mariana estimou ao menos 30 desaparecidos entre trabalhadores do local. Mas pelo impacto das imagens, a previsão era de uma tragédia muito maior. No Hospital Monsenhor Horta, em Mariana, cinco pessoas deram entrada até as 19h30, sendo uma delas sem vida.


De Mariana, equipes de socorro se deslocavam para o local, com caixas de medicamentos. No entanto, as estradas que dão acesso ao distrito estavam completamente inundadas. Além das equipes por terra, os bombeiros deslocaram helicóptero e cães farejadores para a cidade. 



Acidente. Um segundo rompimento teria agravado ainda mais a situação. Até mesmo o distrito de Camargos, onde a Prefeitura de Mariana orientou que moradores da região se refugiassem, foi atingido. “Aqui em Camargos tivemos ao menos três casas atingidas, mas com a graça de Deus, os moradores conseguiram sair desses imóveis a tempo. Agora, está todo mundo na rua, fora de casa, nas partes altas da cidade. O medo que a lama invada tudo ainda é muito grande. Os momentos são de terror total”, contou o presidente da associação de moradores do distrito, Dario José Pereira Junior.



Obra. Um engenheiro civil, que conhece o local e pediu anonimato, informou que trata-se de uma barragem de areia, com rejeito arenoso. Em caso de temporadas de chuvas, pode haver um saturamento na estrutura, perdendo estabilidade. Ele ainda explica que como o local estava em obras, se houvesse algum tipo de vibração para compactar o material, poderia cair a barragem. Essa observação, segundo o engenheiro, consta na documentação do local.



Até a noite desta quinta, autoridades não sabiam a causa do desabamento.

Doações

Ajuda. A população da região se mobilizou para arrecadar doações para os afetados. Até nesta quinta, o material estava sendo recebido no ginásio Arena Mariana e na praça da Bauxita, em Ouro Preto.

Outros desastres


1986. Rompimento na Mina de Fernandinho, em Itabirito, na região Central, é o registro mais antigo desse tipo de acidente no Estado. Sete pessoas morreram.



2001. Barragem da Mineração Rio Verde se rompe em Macacos, na região metropolitana.
Cinco operários morreram.



2003. Em 29 de março, em Cataguases, na Zona da Mata, uma barragem da Indústria Cataguases de Papel se rompe, liberando cerca de 1,4 bilhão de litros de lixívia (licor negro).



2007. Em Miraí, na Zona da Mata, uma barragem da mineradora Rio Pomba Cataguases se rompe. Mais de 4.000 moradores ficaram desalojados.



Agosto de 2014. Um operário morre e outro se fere em desabamento na Mina do Pico, em Itabirito.



Setembro de 2014. Uma barragem da Herculano Mineração se rompe em 10 de setembro e soterra os operários que realizavam a manutenção no talude de uma barragem de rejeitos desativada.

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