Eliana Nunes, moradora de Guanhães, no Vale do Rio Doce |
Uma das principais características das redes sociais é reunir pessoas
com interesses comuns. É cada vez mais frequente o uso de sites como o Facebook
para trocar informações sobre problemas de saúde, conhecer pessoas com caso
semelhante, conseguir apoio emocional e divulgar campanhas. Uma mensagem
motivacional é de extrema importância para quem está na batalha pela vida.
Há três anos lutando contra o câncer, a guanhanense Eliana Nunes, de 34 anos, lançou nas redes sociais o desafio do
lenço. Usando a #lençolili, ela desafiou as amigas a tirar uma foto usando
lenço e postar no Facebook. Rapidamente a corrente começou a ganhar a adesão de
várias amigas, amigas de amigas e várias pessoas que mesmo sem conhecê-la
pessoalmente, postam fotos com mensagens motivadoras. Eliana conta que a
repercussão da campanha a deixou muito emocionada.
“Tenho uma amiga que se chama Stephany,
que veio a minha casa me ver e tiramos várias fotos com meus lenços. Ela me
questionou o que eu achava de fazer uma campanha no Facebook contra o câncer e
que poderia chamar “leçolili”. No dia eu não achei legal, pois poderiam achar
que eu queria aparecer. Senti que ficou chateada por eu não ter aceitado.
Na última quinta-feira fui ao médico e estava muito feliz porque
faltavam só duas sessões de quimioterapia para acabar o tratamento. Só que o
médico, ao ver meus exames, viu que os globos brancos estavam muito baixos e eu
não poderia fazer à penúltima sessão. O médico também me disse que havia
aparecido um caroço no meu pescoço e que iria pedir novos exames. Então fiquei
arrasada, chorei muito e quanto voltei para casa, minha amiga Elediceia tinha
mandado uma mensagem para saber como eu estava, e falei o que tinha acontecido.
Com a intenção de me motivar, ela
postou uma foto usando lenço em minha homenagem. Então acabei lembrando da
ideia da Stepany e comecei a desafiar minhas amigas e quase todas aceitaram. Eu
não esperava tamanha repercussão, me emocionei muito. Então foi daí que surgiu
o desafio.”, conta Eliana.
Problema
psicológico vira câncer
Eliana conta que por muitas vezes procurou tratamento em um hospital de
sua cidade e obtinha como resposta que o seu problema era psicológico.
Acompanhe a seguir um emocionante relato de superação a todos os obstáculos que
surgiram em seu caminho durante três anos de batalha contra dois cânceres.
“Há muitos anos, ia ao médico por causa
de uma dor que sentia do lado direito do útero e por fazer xixi com
sangramentos. Mas os médicos não achavam nada, falavam várias coisas e
principalmente que poderia ser psicológico. Não satisfeita, procurei um médico
especialista e após vários exames, fui diagnosticada com um pólipo no útero.
Fiz a cirurgia, mas a cada dia que passava, piorava mais e mais. A dor só
aumentava, o sangue não parava e comecei a ter muita hemorragia. Procurei o
médico e ele me disse que era normal e que dentro de três meses estaria bem.
Deixei passar os três meses, só que minha situação só piorava.
Então resolvi procurar um médico particular e o que eu menos esperava
aconteceu. Estava com um câncer no útero em estado avançado. Fiquei
desesperada! O médico pediu minha internação para que eu pudesse ser
transferida para o Hospital Mário Penna em Belo Horizonte. Iniciei o
tratamento, nunca sofri tanto em minha vida. Mas graças a Deus fui curada. Só
que em 2014, menos de um ano depois, comecei a sentir muita dor na coluna.
Procurei um médico e ele me falou que deveria procurar um ortopedista. E
assim eu fiz, procurei um especialista e após fazer uma tomografia, ele
recomendou que eu fizesse fisioterapia. Mas quanto mais eu fazia o tratamento,
mas doía e comecei a andar com dificuldade. Era muita dor, então voltei a
procurar o ortopedista e ele achou muito estranho, pois era para ter melhorado.
Ele fez um pedido de ressonância, para ver o que estava acontecendo.
Antes de ir a Belo Horizonte fazer o exame, em um dia pela manhã, quando
fui me levantar da cama, senti uma dor muito forte, uma dor que não tem como
descrever, de tão forte que era. Acabei caindo no chão, pois não conseguia me
mexer, nem dar um passo. Ninguém poderia me tocar de tanta dor que sentia.
Minha filha Emillyn me socorreu e chamou por três vizinhas, que vieram me
ajudar e com muito custo conseguiram me colocar na cama. Fiquei de segunda até
terça a espera de uma ambulância. Você não tem noção do quanto eu sofria,
esperando uma ajuda. Até que ela chegou, numa terça-feira, às 10 horas da
manhã, e me levou para o hospital, onde fiquei quatro dias tomando morfina sem
parar.
Eles não sabiam o que fazer comigo. Já estava delirando de dor, então
uma amiga muito querida, que é vereadora em Guanhães, deu o grito e conseguiu
uma ambulância para me levar para Belo Horizonte. Fiquei internada dois meses,
fazendo exames. Resultado! Detectaram uma metástase na minha coluna cervical,
bem no meio dela. Falaram que a proteção que tem entre uma vértebra e outra
tinha estourado, ficando osso com osso e por isso eu sentia tanta dor e não
conseguia me movimentar.
Era outro câncer, os médicos falaram que minha coluna tinha que ser
reconstituída e que poderia ou não voltar a andar. E que se voltasse com meus
movimentos, levaria 6 meses para voltar a andar e cerca de um ano para me
recuperar totalmente.
Quando começaram os procedimentos da operação, ao abrirem minhas costas,
descobriram que a veia arterial estava colada na coluna. Então resolveram fazer
o procedimento pela barriga. Pois bem, ao abrir meu apêndice, verificaram que
ela estava totalmente inflada e foi necessária a retirada.
Fizeram a reconstituição da minha coluna. Depois da cirurgia, tive três
paradas cardíacas, fui reanimada e me levaram para o CTI. Depois de dois dias,
tive uma nova parada cardíaca e os médicos já tinham liberado visitas, pois
falaram que eu não aguentaria.
Mas Deus é tão maravilhoso, que no outro dia abri os olhos e vi o meu
irmão ao meu lado, com a mão em minha cabeça. Ele começou a chorar e queria me
abraçar. Ficou muito feliz.
Em janeiro deste ano, começou meus tratamentos de rádio e quimioterapia.
Pensei que o pior já tinha passado e que era só fazer minha fisioterapia e
pronto, iria acabar com meu sofrimento. Mas foi engano meu. Nunca passei tanto
mal em minha vida, meus ossos doíam, tive um choque anafilático e crise de
desmaio. Comecei a entortar o corpo, tive dormência. Meu Deus! O que era aquilo,
várias crises de desmaio e outras complicações.
Todos pensaram que eu não ia
resistir, mas graças a Deus aqui estou, e se assim ele quiser, eu serei curada.
Estou há seis meses na cama e há cerca de trinta dias comecei a andar, com
ajuda e um pouco de dificuldade.”
Ao final, Eliana deixa uma mensagem a
todas as pessoas que estão passando pelo mesmo obstáculo.“Deus é maior que todas as barreiras que existem no mundo! Sou
prova viva do milagre do Senhor! Por isso nunca desista! Deus está aqui para
nos salvar!”
Desafio
#lençolili
Eliana desafiou suas amigas, primas, sobrinhas a usarem um lenço e
postarem no Facebook. O resultado foi surpreendente. Confira abaixo algumas
publicações:
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