sábado, 11 de abril de 2015

TINGA DECIDE SE APOSENTAR E VIVE ÚLTIMOS DIAS COMO JOGADOR DE FUTEBOL NO CRUZEIRO

Atleta do Cruzeiro recusa propostas de Índia e China. Ele faz curso de gestão no esporte e vai para a Alemanha se aperfeiçoar

Tinga decide se aposentar após quase duas décadas como profissional
Do menino franzino e driblador que surgiu no Grêmio, em 1997, ao experiente volante de longas tranças, bicampeão brasileiro com o Cruzeiro, muita coisa aconteceu. Mas chegou a hora de parar. Paulo César Tinga decidiu abandonar os campos. O atleta de 37 anos, com vínculo até o fim do mês com o Cruzeiro, vive seus últimos dias como jogador de futebol.

Tinga comunicou a decisão durante um evento em Porto Alegre, conforme informou o jornal “Zero Hora”. Ele confirmou a informação ao GloboEsporte.com. A carreira poderia ser mais longa. O atleta tinha proposta da Índia e, neste sábado, ainda recebeu uma sondagem da China. Mas decidiu parar.

- É sempre importante saber a hora de entrar e de sair. No futebol, é a mesma coisa. Chegou a hora de cuidar de minha família – disse o jogador.

Paulo César Tinga já vivia um processo de mudança no futebol. Faz um curso de gestão. Estuda para se tornar uma espécie de executivo – gostaria de fazer a ligação entre vestiários e diretorias,como disse em entrevista ao GloboEsporte.com no ano passado. Informalmente, já vinha fazendo isso nos últimos anos de carreira, representando os colegas em conversas com dirigentes.

Agora, ele quer se aperfeiçoar. Nos próximos dias, irá à Europa acompanhar de perto a final da Copa da Alemanha e da Liga dos Campeões. Pretende tirar ensinamentos para uma eventual nova função no futebol.

A decisão de se aposentar encerra a trajetória de um dos jogadores mais vitoriosos do futebol brasileiros nos últimos anos. Tinga conquistou duas Libertadores da América pelo Inter, em 2006 e 2010. Na primeira, fez o gol do título contra o São Paulo. Pelo Grêmio, ganhou duas Copas do Brasil, em 1997 e 2001. Conquistou cinco Gauchões (1999 e 2001 pelo Grêmio, 2005, 2011 e 2012 pelo Inter). Foi um grande ídolo também no Borussia Dortmund, da Alemanha. 
Criado no bairro Restinga (daí o apelido), em Porto Alegre, Tinga usou o futebol para driblar uma infância de dificuldades. A mãe trabalhava em uma escola para sustentar a família. Apesar de colorado fanático na infância, o jogador fez as categorias de base no Grêmio. É contemporâneo de Ronaldinho Gaúcho, seu amigo. Ao surgir com a camisa tricolor, era um jogador de frente, um atleta de velocidade, de dribles rápidos.
Do Grêmio, ele foi para o Japão, onde defendeu o Kawasaki Frontale por empréstimo. Retornou ao Brasil e foi cedido ao Botafogo. No clube carioca, passou a jogar mais recuado. E aí retornou ao Tricolor para viver, sob o comando de Tite, seus melhores tempos no Olímpico. Foi um dos destaques do título da Copa do Brasil de 2001.

O bom rendimento abriu as portas da Europa para o atleta. Tinga foi para Portugal, onde defendeu o Sporting. De lá, retornou a Porto Alegre, mas desta vez para vestir a camisa do Inter. Não poderia ter dado mais certo. Ele ajudou a mudar a história de seu time do coração com a conquista da Libertadores de 2006. Foi dele o segundo gol do empate por 2 a 2 com o São Paulo no Beira-Rio. 

Em seguida, o jogador foi vendido para o Borussia Dortmund. Não esteve na conquista mundial do Inter contra o Barcelona. Na Alemanha, foi idolatrado pela torcida até 2010, quando voltou ao Brasil para jogar novamente pelo Inter - e ganhar mais uma Libertadores. Não conseguiu, porém, ser campeão do mundo. Esteve em campo na derrota para o Mazembe, em Abu Dhabi.

Do Colorado, Tinga rumou para seu último destino como jogador: o Cruzeiro, onde ganharia dois Brasileiros, títulos que não tinha no currículo. Na Raposa, foi um dos principais líderes do elenco, apesar de já não ter a assiduidade de outros tempos em campo. No ano passado, sofreu grave lesão e temeu encerrar a carreira. Voltou para encerrar seu contrato. Para ele, era uma questão de honra fechar a carreira em campo, treinando, não lesionado. Conseguiu.

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